Sobre a fuga

Fugir nem sempre é abandonar. Às vezes, é mesmo o que nos permite voltar. Diferentes.

A fuga de que falo é sobre criar tempo e espaço para questionar como fomos ensinados a "funcionar". Chega a ser uma forma de cuidado com aquilo que em nós recusa o automatismo, a urgência ou a lógica da acumulação que tende a andar de mãos dadas com a aprendizagem.

Nesse sentido, a fuga torna-se um não que diz sim aos ritmos que respeitam o corpo e às ideias que não cabem em compartimentos.

Sobretudo quando tanto se elogia a resiliência e nos dizem que a fuga é sinónimo de falha-fraqueza-covardia, chega a ser uma necessidade reclamar este "direito”, o de fugir.

Em certa medida, a fuga parece ser condição para se regressar. Com perguntas que antes não sabíamos fazer e com uma curiosidade renovada pelo que antes era óbvio, garantido ou simplesmente passava despercebido.

Sobre planear a fuga

Toda a fuga precisa de chão. Planear é criar as condições para que as alternativas possam surgir. Não se trata de seguir uma rota rígida, mas de desenhar estruturas que auxiliam, sem aprisionar. É olhar com honestidade para onde temos cedido espaço à produtividade cega, à cultura do desempenho. É reconhecer que podemos expandir horizontes. E, a partir daí, construir outro modo de estar. Atento e presente.

Sobre quem celebra os fugitivos

Sou a Margarida Pires Marques - learning designer, curadora de aprendizagem e fugitiva profissional.

Desde cedo, senti um descompasso entre a forma de ensinar e a maneira como eu aprendia. Como se os métodos estabelecidos apagassem todo um mundo de possibilidades.

Enquanto a escola compartimentava, eu instintivamente ia criando um ecossistema de aprendizagem - ligava disciplinas, relacionava ideias aparentemente distantes, descobria que as perguntas mais interessantes raramente cabiam numa só gaveta.

Anos mais tarde, já no mundo do trabalho, foi este olhar integrador que me permitiu transitar de forma fluída entre jornalismo, comunicação estratégica de causas, formação e criação de infoprodutos.

Hoje em dia, é essa visão e prática que guiam o que faço: criar experiências de aprendizagem que abraçam o “caos” como material de trabalho.

Podemos estar a falar de palestras, workshops, festivais culturais ou de outro tipo de evento que procura inspirar os participantes. Espaços onde pessoas navegam pelo(s) tema(s) e descobrem territórios de si mesmas que nem sabiam existir.

Trabalho com quem se cansou de eventos onde as pessoas assistem mais do que participam, com quem tem algo importante a comunicar mas sente que os formatos habituais são demasiado previsíveis, expositivos ou que ficam aquém do possível.

A minha experiência ensinou-me que há, sim, formas de reimaginar como partilhamos conhecimento - honrando tanto a complexidade das ideias como a das pessoas que com elas contactam. O Plano de Fuga nasceu com esse propósito. Sê muito bem-vinda/o!

Sobre o que vais encontrar aqui

👁️ Perspetivas que atravessam disciplinas, sentidos e escalas para revelar conexões improváveis

🔤 Linguagem que abraça a ambiguidade, a mudança e a complexidade do ser humano

⚙️ Processos que aproximam ideias abstratas da experiência concreta, criando pontes entre reflexão e ação


Esta newsletter é para mentes inquietas que “só” precisam de um plano - e talvez de companhia - para fugir do previsível e linear. 
Que este seja um dos lugares onde nos possamos encontrar, sempre que quiseres fugir. 


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Para mentes inquietas que "só" precisam de um plano (e talvez de companhia) para fugir do previsível e do linear

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Questiono como aprendemos para reimaginarmos como vivemos ✨ learning designer, curadora de aprendizagem e fugitiva profissional